segunda-feira, 29 de novembro de 2010

RANGEL STURARO Moça com o olhar amarelo


Porque um dia o olhar era vívido, sagaz, penetrante, mas o tempo, resultante da soma dos seguntos em minutos, dos minutos em horas das horas em dias dos dias em meses, dos meses em ano. Ano no singular pois tudo foi singular. As lágrimas não eram diamantes criados pelos olhos. Os olhos se amarelaram, rapidamente, sem muito o que explicar, e por isso vê-los assim tornou-se natural para outros olhos, mas não para mim, não para mim. Nec semper lilia florent. Ne pugnes alieno. Ne quid nimis. Dói mas saibam que eu tenho muito mais cicatrizes do que vocês e elas estão em mim, pois nenhum outro corpo optou pelo flagelo, querem uma vida incólume. Vai terminar assim, embriagado pelo vinho que se tornou vinagre.

Um comentário:

Mariha Wentzcovitch disse...

Maravilhoso este trabalho,
Muito bom.